A Associação Nacional de Produtores de Vinho de Inverno (Anprovin) participou da audiência pública realizada no último dia 10 de agosto na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte. O encontro foi uma iniciativa conjunta de duas comissões: Desenvolvimento Econômico, Agropecuária e Agroindústria e Turismo e Gastronomia. Em debate, a produção de vinhos na Serra da Mantiqueira. A audiência colocou na agenda a discussão sobre como fomentar o desenvolvimento dessa atividade por meio de estratégias como um melhor acesso para o escoamento da produção, a qualificação da mão de obra, o incremento ao turismo e a adoção de um tratamento tributário diferenciado, entre outras prioridades.
O gerente-executivo da Anprovin, Matheus Cassimiro, representou a associação, falando por quase 15 minutos em sua apresentação. Ele discorreu sobre os vinhos de Inverno, sobre o panorama atual dos produtores da dupla poda e sobre a importância de Minas no cenário nacional. O estado mineiro responde por 51% do plantio de uva para a produção dos Vinhos de Inverno no Brasil.
Em Minas Gerais, eles estão sendo produzidos nas seguintes cidades com vinícolas associadas à Anprovin: Andradas, Boa Esperança, Bom Sucesso, Ijaci, Jacutinga, Patos de Minas, Ritápolis, Sacramento, Santana dos Montes, Santo Antônio do Amparo, São Gonçalo do Sapucaí, São João da Mata, São Sebastião do Paraíso, Senador José Bento, Três Corações e Uberaba.
Matheus Cassimiro lembrou da importância do pesquisador e produtor Murillo de Albuquerque Regina, presidente da Anprovin, considerado o “pai da dupla poda”.
E salientou que a produção mineira tem sido reconhecida mundialmente, como as recentes premiações conquistadas pelas vinícolas sediadas em Minas. Ele citou o concurso Decanter 2023, o Oscar do vinho no mundo.
A explanação do gerente-executivo da Anprovin pode ser conferida no vídeo abaixo, que está disponível no YouTube da Assembleia. A apresentação da Anprovin começa no minuto 56 e vai até 1h10, aproximadamente.
A Anprovin atendeu convite do deputado estadual Duarte Bechir (PSD), autor do requerimento, e do deputado Rodrigo Lopes (União), que integra a Comissão de Agropecuária e Agroindústria. “Os deputados ouviram a demanda do setor para elaborar requerimentos e colaborar com o desenvolvimento da cadeia produtiva de vinhos”, observou Matheus Cassimiro
Além da Anprovin, a audiência contou com a presença da presidente do Sindicato da Indústria do Vinho do Estado de Minas Gerais (Sindvinho), Heloísa Bertoli; do enólogo e pesquisador da Embrapa UVA e Vinho, Giuliano Elias Pereira; do diretor de Operações Técnicas da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Trazilbo José de Paula Júnior; do superintendente de Políticas do Turismo da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, Petterson Tonini; do proprietário da Vinícola Ferreira em Piranguçu (Sul de Minas), Dormovil Ferreira, e do gerente de manutenção rodoviária do DER-MG, João Felipe Gonçalvez.
O executivo do DER, aliás, ouviu do produtor Dormovil que o acesso à região onde fica a vinícola só é possível no Inverno, praticamente dois meses ao ano. Ele cobrou uma solução que se arrasta por décadas. Solução essa que visa facilitar o escoamento e permitir uma visita decente dos turistas. O gerente do DER disse que há projeto em estudo para a estrada e que ele deverá estar pronto até o final deste ano, sem citar prazo para o início das obras.
Tributação
A questão dos impostos foi um dos destaques da audiência pública. Parlamentares e produtores reforçaram que há um desequilíbrio neste item, com prejuízo às vinícolas nacionais. “O vinho mineiro chega mais caro que um importado em um restaurante. Quem não conhece a sua qualidade é desencorajado a tomá-lo”, afirmou o deputado Rodrigo Lopes.
Os altos tributos pagos na vinicultura no Estado foram destacados como um dos principais obstáculos para a produção em Minas, conforme ficou nítido na audiência pública.
O gerente-executivo da Anprovin, Matheus Cassimiro, explicou que, além do ICMS cobrado, em Minas ainda vigora a chamada substituição tributária para esse produto, o que encarece ainda mais o preço para o cliente e já foi abolido em vários estados.
A presidente do Sindicato da Indústria do Vinho do Estado de Minas Gerais (Sindvinho), Heloísa Bertoli, corroborou a fala de Matheus Cassimiro. Ela também defendeu mais incentivos governamentais para o setor.
Heloísa Bertoli enfatizou que a produção está presente em 46 cidades mineiras, no mínimo, com vinhos premiados no Brasil e no Exterior. “No Brasil como um todo, há a movimentação de R$ 5 bilhões no ano com a atividade, envolvendo 70 mil famílias de agricultores e gerando 110 mil empregos direta e indiretamente”, citou.
O produtor Dormovil Ferreira, que começou a produzir vinho no quintal da sua casa há dez anos e, atualmente, tem uma infraestrutura moderna e vinhos premiados mundo afora, destaca que a Serra da Mantiqueira, em relação à produção vinícola, é um diamante bruto que precisa ser lapidado.
“A Serra da Mantiqueira tem dimensão maior do que 30 países do mundo. E a beleza é incomparável”, defendeu. Por outro lado, tem desafios que precisam ser superados para que a produção de vinho seja incrementada.
Além da questão tributária, ele contou que o custo da garrafa vazia para o produtor chega a R$ 30, preço que alguns vinhos importados custam em lojas. Ele defendeu a criação de uma incubadora na região para que o custo da produção possa ser reduzido.
Com informações da Assembleia Legislativa