A viticultura brasileira acaba de conquistar mais um marco histórico. Trata-se da concessão da Indicação Geográfica (IG) ‘Vinhos de Inverno do Sul de Minas’, um selo que outorga reconhecimento oficial à tipicidade e qualidade dos vinhos produzidos nesta região.

O processo que resultou na IG foi conduzido pelo Núcleo Regional dos Produtores de Vinho de Inverno do Sul de Minas (NRPROVIN-SM). Foi uma soma de esforços que reuniu produtores locais e suporte técnico de instituições como o Grupo Vitácea Brasil, Embrapa, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Associação Nacional dos Produtores de Vinho de Inverno (Anprovin), EPAMIG e o suporte jurídico do escritório Fenelon Advogados.

 

A conquista se soma ao pioneirismo da região.

 

É lá onde tudo começou, ou seja, é no Sul de Minas que a técnica da dupla poda nasceu, a partir das pesquisas conduzidas pelo professor Murillo de Albuquerque Regina, ex-presidente da Anprovin.

Hoje, o setor segue em expansão, colhendo frutos bem-sucedidos de uma tecnologia que modificou as fronteiras do vinho brasileiro. Os Vinhos de Inverno são produzidos em oito regiões no Brasil. (MG, SP, RJ, BA, MT, DF, GO e MS). Ao todo são mais de 50 vinícolas associadas. A estimativa é de 450 hectares de área plantada para Vinhos de Inverno, somando as áreas de todos os associados.

A Indicação Geográfica (IG) ‘Vinhos de Inverno do Sul de Minas’ foi concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

 

 

 

Onde está a IG

A IG ‘Vinhos de Inverno do Sul de Minas’ abrange municípios situados a mais de 800 metros de altitude. Compõem a área os municípios de São João da Mata, Cordislândia, São Gonçalo do Sapucaí, Três Corações, Três Pontas, Campos Gerais, Boa Esperança, Bom Sucesso, Ibituruna e Ijaci.

A delimitação dessa área foi estabelecida com base em estudos técnicos aprofundados, que agruparam a região por meio da natureza do solo, características de relevo e clima homogêneos, e perfil de expressão da uva e dos vinhos similares.

 

Além disso, conforme rege o caderno de normas do INPI, para protocolar o pedido de IG, os municípios tiveram que comprovar a tradição no cultivo de videira.

 

A produção vitivinícola da região se destaca pelo uso do protocolo de manejo para produção de Vinhos de Inverno, por meio da técnica da dupla poda, que permite a colheita das uvas no Inverno, garantindo condições climáticas ideais para a maturação das frutas e elevando a qualidade dos vinhos.

 

A origem e o papel da Anprovin

Em 2022, a diretoria da Associação Nacional dos Produtores de Vinho de Inverno (Anprovin) iniciou um debate sobre a necessidade de reconhecer a tipicidade regional de seus vinhos por meio de Indicações Geográficas (IGs). Buscando valorizar a identidade e qualidade dos vinhos das diversas regiões do País, a associação recorreu à assessoria jurídica para definir sua atuação nesse processo.

 

Ficou evidente que, por ser uma entidade nacional, a Anprovin não poderia representar diretamente as IGs, já que cada uma deve ter um representante legal vinculado à sua região de origem.

 

Como solução, a associação estruturou seus produtores em macrorregiões, criando os Núcleos Regionais de Produtores de Vinhos de Inverno (NRPROVIN). Cada NRPROVIN é liderado por um delegado responsável por mobilizar os produtores locais e coordenar os esforços para a obtenção das IGs.

Com autonomia para conduzir seus processos, os NRPROVIN seguem as diretrizes do Estatuto da Anprovin. Inicialmente, as regiões produtoras do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste foram divididas em 10 macrorregiões, cada uma com um delegado nomeado para liderar as iniciativas locais.

O NRPROVIN Sul de Minas, presidido pelo produtor José Afonso Davo foi pioneiro nesse processo, liderando os estudos na região e reunindo produtores que financiaram o projeto, incluindo as vinícolas Alma Gerais, Almatero, Barbara Eliodora, Davo, Estrada Real, J Benassi e Maria Maria.

 

Os cultivares e os padrões de produção

Os vinhos da IG são elaborados exclusivamente com cultivares de Vitis vinifera, como Syrah, Merlot, Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Sauvignon Blanc. A produtividade dos vinhedos é limitada a 10 toneladas por hectare e os vinhos seguem rigorosos padrões analíticos e sensoriais.

Os vinhos certificados receberão o selo oficial da IG ‘Vinhos de Inverno do Sul de Minas’, garantindo sua origem e conformidade com os padrões estabelecidos. A certificação é emitida pelo Conselho Regulador do NRPROVIN-SM, que supervisiona a produção e a qualidade dos vinhos.

 

Com informações do Grupo Vitácea Brasil

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